O headhunter americano explica como os esportistas podem ser usados como exemplo para o sucesso na vida empresarial
Citrin: “Seria muito esperar que Pelé também fosse genial em suas empresas”
Um dos headhunters mais respeitados dos Estados Unidos, James M. Citrin entrevistou 50 esportistas de sucesso -- entre eles o ciclista Lance Armstrong. O resultado dessas conversas está no livro The Dynamic Path ("O caminho dinâmico"), em que Citrin analisa como as experiências dos campeões podem ajudar executivos e empresários.
Que tipo de lições um atleta pode ensinar a um empresário?
Que não existem atalhos para o sucesso. Os atletas bem-sucedidos trabalham e praticam mais do que os outros. Quanto mais horas eles se dedicam ao treinamento, melhor é seu desempenho. É isso que diferencia o ex-jogador de basquete americano Michael Jordan ou o ex-ciclista americano Lance Armstrong de um atleta comum.
Para ter sucesso em seu negócio, o empresário tem de trabalhar mais que seus concorrentes?
Para ter sucesso em seu negócio, o empresário tem de trabalhar mais que seus concorrentes?
Trabalhar muito é importante. Mas é preciso também fazer isso com qualidade e eficiência. No esporte, nem mesmo craques como Michael Jordan podem se dar ao luxo de relaxar nos treinamentos. Com os executivos de sucesso, acontece a mesma coisa no dia-a-dia.
Qual característica de um esportista pode ser mais útil para um homem de negócios?
Qual característica de um esportista pode ser mais útil para um homem de negócios?
A força mental. Quando os neurologistas estudaram o cérebro de esportistas campeões e de executivos de sucesso, perceberam um fluxo de sangue maior para a parte do cérebro conhecida como córtex pré-frontal, que controla a capacidade de planejar. Isso ajuda a pessoa a pensar de forma mais clara e a tomar decisões certas em situações de risco e de pressão.
Se o senhor tivesse de escolher um atleta para ser exemplo para executivos, qual seria?
Se o senhor tivesse de escolher um atleta para ser exemplo para executivos, qual seria?
Pegaria um nome que não é muito conhecido no Brasil: Roger Staubach. Ídolo do time de futebol americano Dallas Cowboys, ele aprendeu a negociar imóveis nas horas vagas. Quando se aposentou, tinha dez anos de experiência no mercado imobiliário. Aliou isso à sua fama nos gramados e montou uma corretora de imóveis, a Staubach, que fatura 20 bilhões de dólares por ano.
O ciclista Lance Armstrong até hoje é suspeito de se dopar para vencer as provas. Ele é um bom exemplo para o mundo dos negócios?
O ciclista Lance Armstrong até hoje é suspeito de se dopar para vencer as provas. Ele é um bom exemplo para o mundo dos negócios?
Todo mundo que faz sucesso está sujeito a críticas. Lance dedicou-se a missões nobres, como montar a fundação Livestrong para ajudar a combater o câncer, doença que quase o matou. Por isso, o considero um bom exemplo para o mundo dos negócios.
No Brasil, são raros os casos de esportistas que viraram empresários de sucesso. Por que isso ocorre?
No Brasil, são raros os casos de esportistas que viraram empresários de sucesso. Por que isso ocorre?
O tenista americano John McEnroe também queria ser uma estrela do rock. Apesar de ser um bom guitarrista, ele não era fantástico. Por analogia, Pelé foi o melhor jogador de futebol de todos os tempos. Seria muito esperar que ele fosse genial nos negócios.
Por que ele fracassou?
Por que ele fracassou?
Ele não deve ter se cercado dos melhores assessores.
O exemplo contrário de Pelé são os golfistas americanos Tiger Woods e Arnold Palmer, que se transformaram em bem-sucedidos homens de negócios. Para isso, tiveram o cuidado de se aliar a pessoas altamente capacitadas.
Fonte: Gustavo Poloni no Portal Exame em 29.11.2007